Steven Spielberg disse um dia que a época que mais o fascinava eram os anos 30 e 40 do século XX. É um pouco obvio, se prestarmos atenção ao numero de filmes, sobre aquele período , que ele realizou ou produziu. "Império Do Sol", "A Lista de Schindler " e os vários "Indiana Jones " são alguns exemplos disso. Assim já posso dizer que eu e o conceituado realizador temos algo em comum, já que nunca tive jeito para a realização e acho que usar barba durante toda a vida deve ser cansativo à brava, especialmente no Verão ou sempre que se come caldo verde.
Foi um período altamente intenso onde havia algo em que lutar, acreditar ou pensar, quer estivesse certo ou errado. Onde a necessidade de sobrevivência fez criar dentro de todos um espírito de luta. Esta era criou lutadores, homens de barba rija.
Mas tristezas e amarguras à parte, é incrível como os tempos mudaram.
Alguem consegue imaginar o Frank Sinatra e o Nat King Cole no ginasio a fazer duas horas de bicicleta, logo seguidas de mais 43 minutos de passadeira, tudo isto ao som da Radio Capital? Qual quê, um homem naquela altura fazia exercício a malhar garrafas de Whisky e a comer prostitutas carregadas de sifilis e gonorreia. Isso sim era macheza .
Não é como hoje em dia, em que para uma mulher reparar em nós, temos de usar a linha completa de produtos da Yves Rocher e suar que nem uns porcos num apartamento em Miraflores, com vista para a A5 , a que ainda por cima têm a lata de chamar heath club . Onde é que, estar fechado num prédio a 30 km de qualquer vestígio de ar puro pode significar saúde ? Quando o Humphrey Bogart foi para África fazer, o filme, "Rainha Africana", só ele e o realizador John Huston não ficaram doentes, devido à fraca qualidade da agua. Porquê? Porque nunca beberam agua durante todo o tempo que lá estiveram a filmar. Lá está. Ficaram cheios de saúde e não precisaram de ginásio nenhum.
De todas as personalidades deste período aquela que sempre mais me fascinou foi Winston Churchill. Estadista e primeiro-ministro inglês durante a II Guerra Mundial, pertenceu a uma raça de políticos que já não existe. Frontais, directos, incoerentes e acima de tudo, cheios de defeitos. Hoje em dia o que temos? Tony Blair ou José Sócrates que, apesar de eu não desgostar de nenhum, parecem mais robôs com aparência de seres humanos do que gente real. Limpos, imaculados, sem falhas, quase que virginais. E ninguém é assim a não ser que queira esconder algo.