É normal nos momentos de festa comer e beber demais. Mas até para o exagero há limites. No Natal, um mini-prato é composto por um bife maior que a vaca, acompanhado de uma guarnição suficiente para alimentar a Somália durante uma semana. A quantidade de comida que se enfarda nesta época é de dimensões megalómanas.
O estômago passa a trabalhar em horas extraordinárias, muito superiores aquelas permitidas por lei. O nosso metabolismo fica tão regulado como a situação financeira do Estrela da Amadora. E o acto de passar mais de quinze minutos sem meter qualquer coisa ao bucho é considerado uma ofensa. E lá andamos nós a deambular de casa em casa, cheios que nem um abade.
E para além de haver muito, há de tudo. Quando entramos na casa onde vamos celebrar o Natal, temos sempre tendência a voltar cá fora para ver se não entramos num salão de casamentos por engano. Confirmamos e voltamos a confirmar. Mas não, continua a ser a casa de um familiar nosso. Só que por um breve período serve como depósito para o Banco Alimentar.
E há pratos que são presença obrigatória. Como são o caso do bacalhau e do bolo-rei. O bacalhau toda a gente gosta. Mas o bolo-rei ninguém lhe liga nenhuma. Se reparem no dia após o Natal, o centro de mesa tem mais fatias cortadas que o bolo-rei. Eu até acho piada a algumas tradições. Mas porque raio manter uma que já ninguém gosta? Antigamente havia muito menos doces e pronto, era o que havia e era muito bom por isso mesmo.
Por essa ordem de ideias ainda se continuava a realizar o Festival da Canção. (O quê? Essa merda ainda existe? Não é possível. Mas dá quando? E quem é que lá vai? A minha memória do último vencedor é para aí a Dora, que foi cantar o “Não Sejas Mau Para Mim”. Depois disso pensei que nunca mais se tinha pegado naquilo. Não te lembras da Dora? Aquela que tinha uma botas. Não, essa era Mónica Sintra. Oh pá era esta.).