Março de 2006 - Janeiro de 2009

16
Jan 09

E acabou. Morreu o velho jarreta. Algum dia tinha que ser e hoje pareceu-me o ideal. Após quase três anos de dementes dissertações, declaro encerrado este espaço. Nada mais tenho a acrescentar a tudo aquilo que já disse. O propósito que deu vida a este heterónimo foi inteiramente cumprido. Se não, pouco me importa. Saio de consciência tranquila, com a noção de ter realizado tudo aquilo a que me tinha proposto. 

Aquilo que sempre quis, foi pôr-vos a vocês, e a mim próprio acima de tudo, a questionar tudo aquilo que nos rodeia. E com isso pôr-nos a pensar pela nossa própria cabeça.

Numa era de politicamente correctos, seres formatizados, fruta normalizada e onde os cidadãos deram lugar aos consumidores, faz-nos falta alguém que nos recorde o que é ter ideias próprias. E foi o que este “velho” teve por missão.

Resta-me agradecer-vos do fundo do coração todos os gestos de apreço e de apoio que tiveram comigo ao longo dos anos. Foi sempre o saber que há alguém desse lado que me fez continuar.

E assim me fico. Nunca se esqueçam que só vocês têm resposta para tudo aquilo que procuram. Que se alguém se apresentar como solução para todos os males é porque não é mais que um problema. Vivam a vida e a vossa realidade. A montanha russa está prestes a começar mais uma volta e o nosso tempo é agora.

 

publicado por Velho Jarreta às 21:45

Este sábio ancião, desconhecido para a generalidade dos portugueses, foi uma das mais ilustres figuras que este país alguma vez teve o privilégio de ter como cidadão. Se este nome também vos é estranho, aconselho-vos a partir à descoberta.

O programa, “Conversas Vadias”. Um conceito diferente de televisão, onde, contrariamente a outros talk-shows, o entrevistador mudava todas as semanas e o entrevistado mantinha-se. Neste dia Herman José foi dialogar com o professor. E é isso que eu vos proponho a verem. Se tiverem tempo e pachorra, senão não vale a pena.

Apesar de já nos ter deixado há cerca de quinze anos, o seu discurso continua mais actual que nunca. Esta conversa que vos apresento, resumiu em trinta minutos aquilo que eu demorei trinta anos a descobrir.

 

 

 

publicado por Velho Jarreta às 19:50

11
Jan 09

No passado mês de Abril escrevi um texto que levantou comentários e discussões como não tenho memória. O polémico assunto que abordei não foi sexo, religião nem o tão sagrado futebol. Limitei-me a falar de amor.

Após esse momento, e se duvidas ainda tivesse foram completamente dissipadas, percebi que nada toca tanto as pessoas como esta ferida eternamente aberta. Que mesmo quando sara, deixa cicatrizes que morrerão connosco.

Colocaram-me muitas questões sobre tal dissertação. Lamento ter desiludido muita gente por não ter dado respostas que queriam ouvir. A única coisa que posso dizer, tal como referi no passado, é o seguinte.

Continuo a acreditar em tudo aquilo que escrevi. Letra por letra, palavra por palavra. Nem de outra forma poderia ser. Não se fala de forma leviana de tais assuntos. O amor é uma coisa muito séria e só quem nunca amou pode achar o contrário. Continuo a achar que o amor é o sentido de todas as coisas. Se algum rumo adequado este mundo tem, será certamente com o leme orientado nessa direcção.

Agora que é fodido, isso é sem dúvida nenhuma. Por vezes é desesperante, outra certeza. Mas é assim que são as coisas. Já o eram antes de cá andarmos e continuarão a ser, muito para além da nossa existência.

Sei que muitos aspiram a que o relato da sua vida seja como o argumento de uma comédia romântica. Garanto-vos de antemão que nunca o será. E ainda bem. Quem é que gostaria que a sua biografia não fosse mais do que um filme de merda? Daqueles bons de domingo à tarde, em que ainda mal nos sentámos no sofá e já sabemos tudo o que vai acontecer. Com príncipes e princesas, músicas lamechas e abraços na praia ao final da tarde, minutos antes de começar o telejornal. Diálogos de chacha e personagens flácidas a coabitarem em conjunto.

É bem mais preferível viver no mundo real. Mesmo que seja intoxicado pelas emoções do amor. A levitar mas acordado. É que sonhar é muito bonito mas não chega aos calcanhares da sensação de ter ao nosso lado quem realmente queremos e gostamos. E acima de tudo, de quem nos só quer é bem. Pois amar e ser amado é o supremo da existência.

 

publicado por Velho Jarreta às 15:53

09
Jan 09

No outro dia passei pelo Monsanto e reparei no seguinte. Este verdejante parque urbano, bem no centro da capital, era conhecido como um marco da prostituição em Lisboa. Agora não se vê uma puta em quilómetros. Não é que não as haja, mas para exercerem a sua actividade mudaram-se para outras paragens.

Como foi possível então acabar com este baluarte do putedo em Portugal? Como é que se conseguiu pôr término a uma larga actividade local que durava desde que há memória? Simples. Colocando um traço continuo amarelo à beira da estrada.

Para quem não está tão familiarizado com o código da estrada, esta marca indica aos automobilistas a impossibilidade de estacionar e parar. Com um traço longitudinal à beira da estrada ninguém pode imobilizar o seu veículo nem que seja para lhe fazerem um broche à pressa.

Agora, a questão que eu coloco é a seguinte. Como é que foi possível isto ter funcionado? Estamos a falar de um povo que conduz como quem acaba de roubar um carro. Que se comporta no asfalto como se este fosse todo seu. Num país onde se desrespeitam toda a espécie de regras de trânsito e onde o civismo é para fracos, como é que uma linha amarela mete toda a gente na ordem?

Para além do nosso comportamento na estrada há outra coisa. O habitual putanheiro nunca aparentou ter qualquer espécie de receio ao entrar neste mundo. O facto de poder contrair uma variedade de doenças venéreas, o risco de ser assaltado, de levar uma carga de porrada de algum chulo ou de pôr em risco um casamento que possa ter, jamais amedrontaram um cliente habitual. No entanto, um traço amarelo põe-os a fugir a sete pés. É que apanhar sífilis, hepatite, sida e andar pelo meio do mato a correr atrás de uma puta para ela lhe dar o troco de uma nota de dez euros tudo bem. Agora levar uma multa por estacionamento indevido, isso é que não. Deus nos livre de tal coisa. Antes a morte que tal sorte.

Somos realmente um povo muito estranho. Quer sejamos putanheiros ou não, somos muito esquisitos. Como complicamos o simples e simplificamos o complexo são mistérios que jamais iremos resolver. Talvez, se pusermos faixas amarelas às portas da Assembleia da República, possamos tornar tudo mais fácil.

 

publicado por Velho Jarreta às 15:48

06
Jan 09

E cá estamos nós de novo. De volta da embriaguez colectiva do reveillon e dos já esquecidos projectos futuros. Entrámos, não numa nova era como muitos previam, mas sim, na vida que todos conhecíamos anteriormente. Como podem reparar à vossa volta, está tudo na mesma. Moram e trabalham no mesmo sítio, conhecem as mesmas pessoas e garanto-vos que assim irão ficar. Pelo menos nos próximos tempos.

Antes de me alongar mais na conversa, quero começar por vos desejar um mau e fatídico ano. Que esta época vos traga toda a espécie de infelicidades que jamais possam imaginar. Porquê? Ainda perguntam porquê?

Está uma linda manhã de Inverno. Um frio do caralho, chove a cântaros, uma humidade que rebenta a escala de um barómetro e ainda perguntam porquê? Mas não, não é disso. Embora este tempo em nada melhore o meu, e acredito que o vosso, estado de espírito. A razão é outra.

Todos os anos montes de gente vos desejam um feliz ano novo. E o que é que isso vos trouxe? Lá está. Rigorosamente nada. Isso nunca irá influenciar o vosso futuro. E garanto-vos que a esmagadora maioria das pessoas que vos disse isso está-se completamente a cagar para vocês. Por tudo isto vamos começar este ano com uma nova atitude.

Esperar ansiosamente que este seja o pior ano das nossas vidas. Que qualquer um dos dias com o selo 2009 sejam piores do que qualquer coisa que nos tenha acontecido ou que sejamos capazes de imaginar. Assim se tivermos algo de bom, sempre poderemos dizer que desta vez as coisas até que estão bem melhores do que aquilo que esperávamos. Não confundam com pessimismo. Pensem antes que não duram para sempre.

Eu por mim estou decido. No primeiro dia do ano fiz três décadas de existência. Já foi uma meta bastante ambiciosa, que nunca esperei atingir. A partir de agora o que vier é por excesso. Estou pronto para morrer a qualquer momento. Mas até lá…até lá quero aproveitar tudo aquilo que posso. Já que está pago ao menos que se aproveite. Mas de uma forma mais calma e moderada. Agora sou um trintão. Cada idade exige que nos comportemos de determinada maneira. Mas como tiver de ser, longe de mim interferir com o destino.

É dito que só vale a pena escrever sobre duas coisas. Sobre a Morte e sobre o Amor. Escrito, falado ou vivido, estou pronto para ambos. Seja a história trágica ou magnânime o importante é que o seja. Bem vindos de volta à realidade que a montanha russa está prestes a começar mais uma volta.

 

publicado por Velho Jarreta às 01:53

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