Decerto que já vos encaminharam muitas vezes neste sentido. E posso adivinhar, com uma larga certeza, que também já enviaram muita gente para tal direcção. A questão que coloco é a seguinte? Onde é o caralho?
Não sei se já repararam mas sempre que mandam alguém para o caralho aquela pessoa fica exactamente no mesmo sítio. É normal. Por muita vontade que tenha de vos fazer a vontade, não faz a mínima ideia para onde se dirigir. Se eu vos mandar para o caralho neste preciso momento qual a vossa reacção? Exactamente e igualmente.
Para termos a certeza quando dissertamos sobre um assunto é sempre fundamental basearmo-nos em factos. Uma visita pelo Google earth leva-nos à conclusão de que não há nenhum sítio, localidade, povoação ou endereço conhecido como “o caralho”.
De acordo com a wikipédia, para além da óbvia referencia ao pénis, não há qualquer referência a um local. Mas há uma referência muito mais curiosa. De acordo com uma lenda urbana o caralho seria o cesto no topo do mastro de uma antiga caravela. O posto de observação mais alto de um navio. Seria portanto um sítio de castigo onde o marinheiro ali colocado seria o mais exposto a toda a espécie de calamidades. Não só das intempéries mas também o que mais sofria com o baloiçar do barco. Soa bem mas é uma grande treta, é meramente uma lenda urbana. Mas não deixa de ser uma explicação espectacular.
No entanto temos de ser correctos e precisos. Já concluímos que não há nenhum sitio chamado “o caralho”. O caralho não é mais que o pénis, e como ninguém pode ir até ao seu próprio pénis está fora de questão. Quer dizer eu vi uma vez um vídeo em que um gajo com muita ginástica chupava a própria pila mas não me parece que isso conte.
É muito mais correcto mandar as pessoas para a puta que os pariu. Com todo o respeito pela progenitora do enviado, ao menos assim o indivíduo tem uma certa ideia para onde se dirigir.
Seja como for ainda não saímos da casa da partida. E nem sequer recebemos dois contos. A única coisa que recebemos é uma ordem para ir para o caralho. Localização que desconhecemos e que nos impossibilita de nos pormos em movimento.
Outra questão igualmente pertinente é o que se faz no caralho? Vamos partir do pressuposto que sabemos onde fica o dito, mas o que vamos lá fazer? O que há de tão importante no caralho para alguém nos enviar para lá com um tom de voz que parece que temos de ir tirar o pai da forca? Se é assim tão importante porque não vai ele então? Parece-me lógico. Se ele está tão seguro de que temos de ir e depressa para o caralho porque não vai ele? Aposto que sabe melhor o caminho e a razão da deslocação do que nós.
Daí se ouvir tanta vez, quando alguém é enviado em tal direcção, a seguinte contra-resposta “Vai tu!”. Nada de imprevisível. Uma resposta bastante lógica até. Vai antes tu que pelos vistos sabes bem melhor o que se tem de tratar por aqueles lados.
E assim ficamos, longe do caralho, em plenas águas de bacalhau, neste marasmo a olhar uns para os outros sem que ninguém faça ou tenha resposta para o que quer que seja.