Março de 2006 - Janeiro de 2009

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Mai 08

É um pouco inexplicável como em dois anos de crónicas semanais nunca abordei a temática da mais importante instituição portuguesa. Prometo desde já que brevemente voltarei a tocar neste assunto pois a situação assim o exige. Mas de momento comecemos por ver aquilo que é realmente ser benfiquista.

É certo e sabido que só existem dois clubes de futebol em Portugal. Os que são do Benfica e os que são contra o Benfica.
Os contra-benfiquistas podem ser tão ou mais dedicados, fiéis ou leais ao seu clube. Mas jamais serão tão doentes, desequilibrados e maníacos como um benfiquista. É que ser do Benfica é completamente diferente de ser de outro clube qualquer.
No que diz respeito a criticas, ninguém diz tão mal do Glorioso como um lampião. Numa conversa de café, um contra-benfiquista não tem tempo para poder sequer colocar uma mísera critica ao que quer que seja. O benfiquista já o fez por ele mas de uma forma vinte vezes maior.
Gritar como quem acaba perder um filho “Aqueles filhos da puta não jogam um caralho!” é um sinal impar de devoção ao clube das águias.
A personificação desta relação de amor/ódio é o Nuno Gomes. Creio que se fala pouco do Nuno Gomes. Foram criados novos palavrões, alcunhas e mimos variados para adjectivar o vinte e um do Benfica. No entanto, fica sempre um sinal de simpatia sempre que ele marca um golo. De um chorrilho de insultos a “Ah ganda Nuno Gomes. És o maior. Beija o anel. Tufa, mais um golo. Este homem é uma máquina.”.
Ser adepto do Benfica implica sempre um desequilíbrio permanente. É viver num limbo entre o passado glorioso e o decrépito presente. Viver com a fé inabalável que para o ano seremos campeões europeus e acreditar, com a mesma devoção e ao mesmo tempo, que não temos equipa para ganhar a Taça da Liga sequer.
Apoiar o emblema das águias não pode ser feito de um forma racional e sustentada. Numa semana aplaude-se de pé na Catedral completamente lotada, noutra aguarda-se pacientemente à porta do centro de estágios com uma pedra escolhida criteriosamente de modo a poder infligir o maior dano possível ao autocarro que transporta os jogadores.
Outro exemplo da corrente de emoções associada a este clube. Todas as semanas o jogo da jornada é o jogo em que entra o Benfica. Pouco importa a classificação geral, o desfecho do campeonato ou outro tipo de rivalidades. O único derby em Portugal é o jogo com o Benfica.
Pois mesmo que os benfiquistas estejam de costas voltadas para o seu equipe, os contra-benfiquistas fazem questão de elevar novamente o estandarte vermelho bem alto para que toda a gente ouça. Seja a dizer bem ou mal só há referência a um clube.
Um jornal desportivo não vende mais de meia dúzia de cópias se não tiver uma manchete em berrantes letras vermelhas. Não interessa o que raio lá vem. Nunca interessou. O que interessa é que se fale no Benfica. Pois o Benfica é e será sempre o maior clube português.
publicado por Velho Jarreta às 00:02

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