Março de 2006 - Janeiro de 2009

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Mai 08

Toda a gente se queixa de tudo hoje em dia. Eu sei que faz parte do código genético lusitano a constante lamuria mas não é preciso abusar.

Ou é porque chove ou é porque está sol. Se está frio devia estar calor, se está calor devia estar frio. Ou é a situação económica que está cada vez pior ou é porque o Sócrates fumou um cigarro. Ou porque sim ou porque não, todos temos um rol de razões de queixa.
Realmente este mundo está completamente fodido. Mas não é d’hoje. O mundo já está fodido à muito tempo. Mas já alguém pensou que possamos viver numa era em que temos maior qualidade de vida do que alguma vez sonhámos?
Decerto que é melhor estar vivo hoje em dia do que na Idade Média. Ai sim, ai teria razões para me queixar. Já alguém imaginou o que seria viver, nem que fosse só por um dia, em plena Europa medieval? Se não, venham comigo.
Logo ao acordar tínhamos a certeza que o dia não ia correr nada bem. Levantávamo-nos de um monte de palha repleto de toda a espécie de bicheza. Deitados ao lado de mais dez pessoas e de uma vaca que gentilmente nos cedia o leite para o pequeno-almoço enquanto largava mais uma bosta de tamanho considerável. Que, diga-se de passagem, também não fazia diferença. De qualquer forma já estávamos coberto de merda. Não se tomava banho, não haviam esgotos e casa de banho era como o telefone, ainda estava para ser inventada.
Neste lindo estado, saíamos de casa. Passávamos pelo tribunal do Santo Oficio para denunciar um vizinho, de praticas homossexuais só porque embirramos com ele porque estaciona sempre a carroça à nossa porta, e descíamos até à Baixa.
Como não havia bola, íamos até ao Terreiro do Paço assistir à queima das bruxas. Mandar umas pedras ao infiéis, incitar à morte por estrangulamento. Enfim, o costume.
Como não havia médico de família, íamos até ao curandeiro para nos livrar da peste negra. Duas horas de missa depois estávamos finos e íamos almoçar.
Chegados ao tasco começava a degustação. Uma malga de sopa que fazia parecer o bebedor dos cavalos um manjar dos deuses e uma côdea de pão bolorento. Tudo isto acompanhado com uma garrafa de bagaço para ganhar força para a labuta diária.
Fosse qual fosse a vossa profissão, posso garantir que em nada se compara à vossa actual ocupação diária. Ao não ser que se chamem Yuri e que tenham vindo recentemente da Ucrânia.
Para quebrar a rotina chegava o Verão. Em vez de ir de férias para Porto de Galinhas íamos numa digressão com os Templários. Partindo de Tomar às sete da manhã para chegar a Jerusalém pelas oito da noite uns meses depois. Com o extra de ir pilhando e violando tudo aquilo que nos aparecesse pela frente.
Como vêem os dias de hoje parecem bem mais agradáveis. E se não estamos satisfeitos com isso vamos sempre a tempo de mudar. Naquele tempo foi a enfiarem-se numas cascas de noz, a que alguém chamou caravelas, e procurar um mundo melhor. Hoje em dia, só tu podes descobrir qual a tua caravela e qual o mundo que queres atingir, isto claro, se tiveres coragem para isso.
publicado por Velho Jarreta às 00:54

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