Março de 2006 - Janeiro de 2009

30
Abr 08
A televisão portuguesa tem, desde à pouco tempo, uma nova presença. Intitula-se Fama Show. Pouco mais se sabe ao certo do programa em questão do que o próprio nome. Aparentemente trata-se de um concurso onde cinco participantes tentam ver quem é a mais boa delas todas. Para atingirem o tão desejado primeiro lugar têm de efectuar uma série de provas. Invariavelmente, envolvem sempre a presença de famosos.
O painel de concorrentes é fixo e é composto por cinco belas mulheres. A partir daqui pouco mais vos sei dizer.
Para ser sincero, não tenho memória de alguma vez ter visto um programa tão vazio. Qualquer filme pornográfico de segunda categoria tem mais conteúdo do que aquela merda .
Não sou um espectador assíduo, confesso. Até porque nunca tive o hábito de me masturbar ao domingo ao almoço. Nem nunca vi o programa do princípio ao fim, pois para bater uma punheta nunca ninguém precisou de ver uma longa-metragem.
Nem sei para que é que o programa tem apresentadoras. Para fazer o que elas fazem um molho de manequins de montra teria o mesmo efeito.
Não posso deixar de dizer que acho tudo aquilo profundamente degradante. É oco, sem sentido e trata as mulheres como um mero pedaço de carne.
Como tal, e devido a tudo isto, não sei porque é que os programas de televisão não são todos assim. Para mim a televisão de sonho consistiria num Fama Show de 24 horas contínuas, intervalado apenas com jogos de bola. E especiais de informação sobre o que de importante se passa no mundo. Ou seja, no Estádio da luz ou na Academia do Seixal. Para intervalar, um programa de culinária à hora de almoço com as vinte melhores maneiras de assar um porco no espeto e está feito. Tudo o resto é irrelevante para a vida de um homem.
Estou a brincar, como é óbvio. Mas estes estereótipos fazem cada vez mais parte de uma sociedade que se diz progressista e moderna. Em nada correspondem à realidade mas isso hoje já pouco parece importar. A ficção substitui cada vez mais a verdade das coisas.  
E se alguém acha que aquelas cinco mulheres não passam de cinco “loiras burras” que não sabem coisa nenhuma de coisa nenhuma, estão a cair no mesmo erro. Tenho a certeza que são tão validas como qualquer outra pessoa, mas como todos nós, têm de representar um papel para ganhar a vida. Já que ser autentico não passa de uma coisa antiquada.
Nada naquele “show” representa uma mulher. As mulheres são muito mais interessantes, inteligentes e bonitas que qualquer merda de programa de televisão pode alguma vez mostrar. O que aquilo representa é a falta de direcção que parece a que todos chegámos. Chegámos mas sem saber aonde. Andamos aos trambolhões como uma pedra rolante. Em todas as direcções, mas nunca a caminho de casa.
publicado por Velho Jarreta às 00:08

23
Abr 08
                  Antes de mais quero esclarecer, aqui perante todo este vasto auditório, uma questão que me tem sido colocada ao longo desta semana. Para que não restem dúvidas de qualquer ordem e para que não surjam rumores infundados, venho por este meio declarar o seguinte. Não sou candidato à presidência do PPD /PSD!
Agradeço o franco apoio dado por tantos e tão bons companheiros, mas não me vai ser de todo possível. Pois tenho mais que fazer. Hoje ainda vou com o carro à inspecção e amanhã tenho muita coisa para despachar porque depois mete-se o fim-de-semana grande e fica tudo de por fazer.
Como tal, e para não deixar o barco à deriva, expresso aqui o meu sincero apoio ao Dr. Patinha Antão. Porquê? Porque Patinha Antão é um nome espectacular. Já que temos um primeiro-ministro com nome de filosofo porque não ter o líder da oposição com o nome de uma personagem de desenhos animados.
Mas deixemo-nos de insignificâncias e concentremo-nos em assuntos verdadeiramente importantes. O que me traz aqui hoje é a minha indignação pelo comportamento explicitamente inactivo do meu gato. É que ele não faz mesmo um caralho . Nem um caralho , nem pôrra nenhuma. Mas vamos por partes.
Tenho um gato que vai fazer em breve treze anos. Treze anos em idade felina são equivalentes nos seres humanos a setenta e dois. O que já é uma idade jeitosa. Com setenta e dois anos já não se pode exigir muito. Ninguém com esta idade vai correr maratonas ou mudar o mundo. Conter as urinas já é uma meta ambiciosa. Mas há limites, e o meu gato não os respeita.
A rotina diária do meu gato consiste no seguinte. Acorda por volta das oito da manhã. Como os restantes inquilinos levantam-se aquela hora, ficaria mal ficar deitado. Aparentemente, dá a sensação de que vai começar o seu dia. Levanta-se, vai mijar, come qualquer coisa. Enfim, o costume de qualquer um. Até que, sem nada que o previsse, vai se deitar outra vez. Esta segunda demão em nada diverge do sono nocturno. Mais oito horas de pleno descanso para repor as tão necessárias energias.
Ao final da tarde começa a sua labuta. Que consiste basicamente em ir dar mais uma mija, comer mais qualquer coisa e procurar um colo ou um canto do sofá para se poder aninhar. Como o tempo passa a correr, dá por si e são horas de ir para a cama porque amanhã não é dia de trabalho. E assim se passa mais um dia.
E o pior é que isto já não é de ontem. Ele já mantém este estilo de vida à anos. Tenho a certeza que se houver um céu e inferno para gatos, o meu não vai para um nem para outra. Volta para a terra e vai para deputado.
Só mais uma coisa. Vejam o "Californication". Dá algures na RTP2 . É pura a simplesmente a melhor série desde o “Duarte & Companhia”. O meu gato vê. Tem tempo para isso. Ele não faz um caralho .
publicado por Velho Jarreta às 00:40

16
Abr 08
E se aquilo que sempre procuras-te estivesse mesmo à tua frente? E se neste preciso momento em que estás a ler, estivesses a olhar, olhos nos olhos, para o que (ou para quem) realmente buscas? Algo que, apesar de ser tão evidente, tu nunca tenhas reparado. Sim, estou a falar contigo. Contigo em particular, não estou a escrever para mais ninguém a não ser para ti. Tens resposta para o que te estou a perguntar? Já alguma vez encaras-te essa possibilidade?
Sabes, ao longo da vida apercebemo-nos que muitas das coisas em que acreditávamos não passam de ilusões. Utopias que criámos para justificar a nossa existência diária e dar sentido a tudo isto. Começamos por crer que os bebés vêm em correio expresso, suspensos em cegonhas, directamente de Paris e acabamos a achar que todos os males do mundo são da juventude. Pelo meio acreditamos também em coisas tão verosímeis como o Pai Natal ou que existe uma cura para a ressaca.
O pior de tudo isto é que ficamos com a visão turva. Fazemos planos tão rocambolescos e ideias tão afastadas da realidade que acabamos completamente desnorteados. Sem nos apercebermos que a resposta é bem mais simples e está mesmo diante dos nossos olhos.
Todos procuramos a “tal” pessoa. Este “tal” deve ser a mais subjectiva de todas as definições. Cada pessoa tem a sua ideia muito própria e busca-a incessantemente. Mesmo que nunca o admita. A pessoa perfeita. Ou melhor, a pessoa perfeita para nós.
Mas há uma coisa que é fundamental para se poder atingir este objectivo. É estar disposto a amar. Só assim se pode ter a hipótese de ser verdadeiramente feliz. Se acreditarmos que podemos compensar todo o tempo perdido temos muito mais a ganhar do aquilo que possamos sonhar.
Já percebes-te que eu estou a falar contigo e só contigo? Claro que sim, senão não estarias com esse nervoso miudinho. Como quem acelera um automóvel e fica encostado ao banco. Por um lado há receio. Por outro, a adrenalina apodera-se de nós e percorre todo o nosso corpo, inflamando a alma levando-nos a querer mais. É contraditório e confuso mas é assim que é o amor.
Olha para mim com outros olhos, bem mais profundo do que alguma vez olhas-te. Vais ver que estou mesmo ao teu lado, a ver o mesmo que tu. Com os mesmos receios e desejos. Com o mesmo ar de surpresa e de inquietação. E com a certeza absoluta de que farei tudo para não te perder. Pois tu és perfeita. Perfeita para mim.
publicado por Velho Jarreta às 00:43

09
Abr 08

                                                Quando se fala na revista Maria uma coisa vem-nos logo à memória. O espaço dedicado a todas aquelas profundas questões de carácter sexual. Questões essas que sempre obtiveram uma paciente resposta, através do contributo de terapeutas sexuais de renome. São disso exemplo a Dra. Sónia ou o Dr. Pedro. Como todos sabemos figuras de referência no mundo clínico.

Foi através deste consultório em forma de livro de bolso que ficamos a saber de zoofilia, incesto e que não se engravida a usar cuecas de homem. Tudo questões que sempre nos interessaram e para as quais não tínhamos resposta.

Mas não é de perturbações mentais ou perversões da mais variada ordem que vos venho falar. Para mim a revista Maria há-de sempre ter outro significado. É que eu nasci no dia um Janeiro. E quando alguém sabe disto, coloca invariavelmente a mesma questão. À qual eu digo, com o rosto pesado de quem acaba de perder um filho:

Não, não fui o bebé do ano da Maria!

É algo que irei carregar comigo até ir para a terra dos pés juntos. No início de cada ano, esta tão útil revista, trazia (e ainda deve trazer) as fotos de cerca de vinte adoráveis rebentos. Cada um com uma cara mais assustada que o do lado. Um choro colectivo que parecia ouvir-se mesmo tratando-se de uma série de fotos tipo passe impressas numa folha A5 .

Apesar deste mar de lágrimas, é um facto que esta sessão fotográfica funcionava como uma catarse para recém-nascidos. Era a forma de lhes dizerem que eram especiais, que eram o símbolo de uma nova era. Uma geração que agora iniciava essa grande jornada que é a vida.   

Era este o espaço dos iluminados. O baile de debutantes da classe média. Os quinze minutos de fama que o Andy Warhol nos prometeu a todos.

E eu? Sim, porque não fui escolhido? Porque me ostracizaram à nascença? Onde está o meu lugar ao sol? A minha colher prateada? O que tinham os outros a mais do que eu para terem a nobre recompensa de aparecerem numa contracapa em papel de segunda?

Aparentemente nada. O tempo passou e ninguém se recorda de nenhum deles. Aposto que ninguém conhece alguém que tenha sido o bebé do ano. E mesmo que conheça não lhe deve ser reconhecido nenhum poder sobrenatural. Garanto-vos com toda a certeza que nascer no primeiro dia do ano não tem nada de especial. Quer dizer, acho eu. Também nunca fiz anos noutro dia para saber como é.

Em todo o caso só quero esclarecer, perante todos os que ainda tinham duvidas, que não fui bebé do ano. Também não fui empregado do mês. E espero nunca vir a ser mulher-a-dias. Sou pura e simplesmente aquilo que sou.

 

publicado por Velho Jarreta às 00:16

02
Abr 08
A história da humanidade tem um número infinito de religiões. Embora sejam todas bastante similares revelam sempre questões que não são de fácil resposta. E se há religiões que se inserem neste grupo são sem duvida as Testemunhas de Jeová. Como a maioria da população, sei da sua existência mas desconheço o que realmente são. Um pouco como a ida conjunta das mulheres à casa de banho. Sei que vão, confirmo isso, mas não sei o que vão fazer as duas. E tal como a ida das mulheres ao WC também as testemunhas de Jeová me deixam muitas questões de difícil resposta. Tais como: 
O que são verdadeiramente as testemunhas de Jeová?
Quem é Jeová?
Como é que tanta gente testemunhou o que se passou com Jeová e eu não sei de nada?
Em que imbróglio jurídico está envolvido Jeová para precisar de tantas testemunhas?
Qual a comarca em que está este processo e o porquê de tanta demora na resolução do caso?
Porque não prescreve como tantos outros?
É o caso das testemunhas de Jeová a prova do mau estado em que se encontra a justiça portuguesa?
Como conseguem eles arranjar ilustrações do fim do mundo?
Porque raio é que há-de haver um fim do mundo?
E se vai haver porque é nunca mais acontece?
Qual a tipografia que imprime os milhões de panfletos que são distribuídos porta a porta por esse mundo fora?
Que percentagem desses mesmos panfletos são colocados para reciclagem?
Será que optando por distribuir ilustrações do fim do mundo em e-mail’s ou em papel reciclado poderíamos acabar com a desflorestação?
Será a distribuição de panfletos sobre o fim do mundo a principal causa do aquecimento global e por consequência do próprio fim do mundo?
É necessário ter mais de oitenta e três anos ou não ter qualquer espécie de sex appeal para fazer parte das testemunhas de Jeová?
Qual o porquê de não aceitarem transfusões de sangue?
Serão as testemunhas de Jeová um grupo de sanguinários em recuperação?
Existirão os vampiros anónimos?
Como será o seu programa de recuperação?
Também terá doze passos?
Porque nunca andam sozinhas as testemunhas de Jeová?
Qual a relação entre testemunhas de Jeová e os Helder’s ?
Já agora, quem são os Helder’s ?
Porque são tão persistentes (Estou a falar das testemunhas de Jeová. Esqueçam os Helder’s ?
O que é que têm de tão importante a transmitir que nem o facto de termos o almoço ao lume seja um factor impeditivo?
Será que se conseguem aborrecer a si próprias?
Como é que conseguem entrar dentro de qualquer prédio?
O que têm os distribuidores de publicidade de porta a porta a aprender com as testemunhas de Jeová?
São realmente questões muito pertinentes para as quais não tenho, nem busco, resposta. Mas que lá são pertinentes são. Independentemente do significado de pertinente. Alguém sabe o que quer dizer pertinente?
Estará relacionado com perto?
Porque será que…
publicado por Velho Jarreta às 01:19

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