Recentemente assisti à seguinte conversa:
“Que cena, um pepino.”
“Pepino?!? É uma courgette.”
“Não, desculpa mas é um pepino.”
“Mas tu estás parvo? Não se vê logo que é uma courgette?”
“Tu cala-te que tu nem sabes estrelar um ovo.”
“Lá por não saber nada de culinária não quer dizer que não saiba diferenciar uma courgette de um pepino. E como se está a ver é uma courgette.”
“Mas qual courgette qual quê. É um pepino.”
“Então já que és um gastrónomo de primeira linha diz-me lá a diferença entre um pepino e uma courgette.”
“É simples. Uma courgette é uma courgette e um pepino é um pepino, que por acaso é o que estamos a ver.”
“O quê? Uma courgette?”
“E ele a dar-lhe com a puta da courgette. Já te disse que é um pepino.”
Como era obvio que aquilo não ia chegar a lado nenhum, e até porque já nem os podia ouvir, decidi interromper a conversa.
“Mas o que raio é que interessa se é um pepino ou uma courgette que a gaja está a enfiar na cona ?”
O assunto ficou arrumado, pagámos 10 euros à senhora e mandámo-la de volta ao Cacém. Minto, estávamos a ver um vídeo no portátil. Ou o vídeo foi depois? Não me recordo. Isso também não interessa.
Ao recordar este momento fico a pensar naquela jovem. Não foi a certamente a primeira que transformou o seu mais íntimo numa mercearia, nem será a última, mas desta não me esqueci. Como a poderia esquecer quando vi o seu mundo mais íntimo ser trucidado por um qualquer vegetal. E sem a ajuda de ninguém. Ali, sozinha. Só ela e o mundo, e pronto, o pepino ou courgette ou lá o que era. Um momento decisivo. Luzes, câmara, acção. E lá vai ela, por aí adiante, destemida como quem tem o mundo nas suas mãos e o destino dentro de si. Pois, isto não soa mesmo nada bem. Realmente não tem nada de glorioso ou épico o aproximar de um vegetal a uma vulva. Por muitos eufemismos que se utilize não passa disso.
O que leva estas pessoas a tão extremo estilo de vida? O dinheiro, uma carreira, a satisfação pessoal ou a promoção de produtos biológicos? Ou será que não passa de uma questão de ego? Tipo “Ah estás a ver? Disto não estavas tu à espera. Aposto que não consegues. Tirar medicina qualquer cromo tira, agora tirar nabos da púcara não é para todos.”.
Que orgulho terá um pai numa filha assim. Ou num filho. Porque o talento não é exclusivo de nenhum dos sexos. E como quem não tem cão caça com gato, vai por outro lado. Aposto que também devem existir autênticos artistas do sexo masculino a surpreender-nos com os mais variados objectos. Uma vez vi um indivíduo que tirava pilhas da uretra. E digo pilhas pois eram várias. Não me recordo do número certo mas sei que dava para um comando de televisão. Não é bonito de se ver.
Ah, ainda aí estás a ler isto? Pensei que já estava para aqui sozinho. Foi uma bela reflexão não foi? Eu também achei. Mas se calhar é melhor ficarmos por aqui. Até para a semana.