Março de 2006 - Janeiro de 2009

30
Out 06

Há pouco tempo um amigo meu fez o favor de me emprestar um cd duplo muito especial. Devo confessar que há mais de dez anos que não punha a vista em cima (neste caso os ouvidos) em tal obra, mas rapidamente me recordei o porquê de ter passado tempos infinitos da minha vida a ouvir este álbum quer na minha infância quer no inicio da adolescência. Trata-se do The Wall dos Pink Floyd , e pode ser facilmente considerado um dos melhores álbuns de todos os tempos.

Ao contrario do que muitos pensam esta obra-prima não é sobre politica, guerra e muito menos uma comemoração da queda do muro de Berlim . Trata-se sim de um exercício de psicoterapia que se viu passado a música. Um retrato perturbador, da vida de uma pessoa, cheio de complexas analogias que pretendem, retratar a vivência, no fundo, de todos nós.

A história é basicamente uma autobiografia do autor, Roger Waters , desde o seu nascimento, em plena II Guerra Mundial, passando pela morte do pai, até à sua ascensão a estrela rock e forma como teve de lidar com tudo isso.

Não é música que nos alegre e nos deixe bem dispostos, é uma obra pesada, perturbadora sombria e cheia de questões e é isso o que a faz ser pura e simplesmente brilhante. Foi lançada em 1979, o mesmo ano em que nasci, no entanto, apesar de estar perto de fazer três décadas , soa sempre a algo intemporal, que está à frente do seu tempo e que ainda tem muito para descobrir.

O muro é uma metáfora para a forma como muitas vezes nos escondemos e refugiamos do mundo de modo a não sofremos. Até que nos acabamos por nos aperceber que esse refugio, ao inicio confortável e seguro, se transforma numa prisão que nos impede de chegar à felicidade. Todos os nossos medos, desculpas, paranóias , fobias, pesadelos e recalcamentos de vária ordem são os tijolos. Os mesmos que vão construindo o muro que nos envolve e aprisiona.

Todos nós temos os nossos tijolos e o seu respectivo muro, e já uma vez ou outra nos fechámos nele na vã esperança de assim resolver os nossos problemas, ao melhor estilo da avestruz. Até que chegamos a um ponto em que parece não haver saída , e realmente não há, o muro isolou-nos . Neste caso só há solução a tomar que é derrubá-lo, tijolo após tijolo. Eu já o fiz e digo-vos, isto cá fora é bem mais agradável. Claro que o muro insiste sempre em crescer, os tijolos só irão deixar de aparecer quando morrermos, e há alturas em que não temos forças para os derrubar. Mas é esta luta constante com nós próprios que se chama vida e eu não conheço mais nada para além disto.

No fim da obra o protagonista é condenado, em tribunal, à pena máxima , exposição perante os seus e o muro é derrubado. O seu refugio é destruído e ele apercebe-se do verdadeiro sentido da vida, que é…isso meu caro vais ter de descobrir por ti. E não te esqueças de derrubar o muro.

DERRUBEM O MURO!!!!!!!!!

publicado por Velho Jarreta às 17:29

18
Out 06

Caiu mais um avião em Manhattan . É impressão minha ou cada vez mais gente confunde arranha-céus com pistas de aviação? Se isto pega moda o novo aeroporto de Lisboa não vai ser na Ota mas sim nas Amoreiras. Por um lado até faz sentido, já que se os andares são tão caros ao menos que dê para ir de avião até casa.

O grande problema que levanta, neste caso que se aterra, é como evitar as explosões ao chegar ao doce lar. Se por um lado se evita o trânsito caótico da nossa capital, por outro lado rebentar todos os dias antes do jantar pode trazer problemas à família . É chato, especialmente pelas despesas que acarreta. No outro dia temos de ir novamente a um stand comprar outro avião, gastar dinheiro, perder tempo, pintar a casa e ir pedir desculpa aos vizinhos pela barulheira da noite anterior.

Mais vale ir a pé para o emprego, não nos preocupamos com o estacionamento, e muito menos com as explosões. No entanto isto não resolve nada se trabalharmos longe de casa. Então o que fazer? A bicicleta não é uma alternativa viável, pois pedalar de colina em colina cansa muito, e então se chove nem vale a pena falarmos. Ainda nos arriscamos a uma constipação, e isso é que não porque não há nada pior que estar doente. Só vejo uma hipótese, engolir o sapo de apanhar trânsito todos os dias e comprar uma casa com garagem. Ou então vão de transportes. Seja como for evitem explodir que não faz bem nenhum à saúde .

publicado por Velho Jarreta às 00:12

10
Out 06

Já todos vocês colocaram esta pergunta a si próprios aposto. Mas será que alguma vez chegaram a uma conclusão lógica e racional? Claro que não. Até porque, para perguntas parvas, respostas estúpidas.

E a prova disso é que, em semanas como esta, em que o prémio atinge valores históricos, os jornalistas saiem à rua Augusta, de microfone na mão, para questionar quem ali passa, e é sempre a mesma coisa:

- Então diga lá o que faria com 75 milhões de euros?

- Olhe, arranjava a minha casinha, que sabe Deus o quanto precisa, especialmente a cozinha que já está tão antiga, e com uns móveis em cerejeira ou pinho, mas dos novos, daquela loja do IKEA. É que o meu m…

- Muito obrigado, e a senhora o que faria com 75 milhões de euros?

- Eu para mim não peço muito, mas com esse dinheirinho ajudava o meu filho e comprava-lhe um apartamento jeitoso ali no Cacém.

- E o senhor já imaginou a que faria com tanto dinheiro?

- Atão não! Fazia logo uma ganda almoçarada pá malta, com leitão e tudo, assim uma coisa em grande. Depois ajudava o meu irmão, que agora ficou desempregado, assim com uns 500 contos para ele se orientar.

- E o senhor o qu …

- Eu era logo, chegava à porta do meu serviço, baixava as calças, deixava lá uma ganda poia e nunca mais lá punha os pés. Mai nada.

- Bom, uma pessoa mais exaltada…jovem, jovem o que faria com 75 milhões de euros?

- Oh pá, eu artilhava logo o bólide com uns escapes da Reconstraithfoward , punha umas jantes da Strenganice , daquelas brilhantes, e um sistema de som muita bacano . E se calhar nem isso, como é buéda guita comprava era um carro novo. Sei lá um Viper Rs3500 Hdsetzx ou um Hummer St5jgo .

- E o senhor o que faria com 75 milhões de euros?

- Oh meu deus, isso em contos dá quanto? Praí 700000 ou quer dizer 800000, portanto multiplicando por 2 e se temos de passar para euros temos de…

- Temos de passar para o estúdio, mas muito obrigado Eng. António Guterres.

Podem parecer comentários ridículos mas qualquer resposta o é. Seja lá ela qual for, pela simples razão de que se não sabemos o que é uma coisa, muito menos saberemos o que fazer com ela. Mas alguém de seu perfeito juízo faz a mínima ideia do que são, realmente (e ao estilo de João Malheiro friso , com voz roca) realmente, os tais 75 milhões de euros? Independentemente do que possam estar a pensar neste momento, uma coisa vos garanto, podem ter a certeza que não sabem. E eu também não, mas aposto que me iria dar imenso gozo a descobrir.

publicado por Velho Jarreta às 21:06

04
Out 06

Nunca dá nada de jeito na televisão, isso todos sabemos, é daquelas verdades inquestionáveis como a certeza que todos vamos morrer (talvez com a excepção da Cher ) e que o Fernando Santos não chega ao Natal como treinador do Benfica. Mas se todos achamos o mesmo para quem será que os programas são direccionados?

Temos dezenas de canais, as programações são variadas e com o advento dos canais temáticos poderíamos pensar que haveria sempre algo de interessante para ver. Mas não, muito antes pelo contrário. Quem é que nunca passou de canal em canal, de comando na mão, com a energia e vigor de uma lesma cansada, à procura de algo minimamente cativante para nos ajudar a passar o tempo?

Se formos a ver já nem vemos realmente nada, limitamo-nos a mudar de canal à espera de algo, como quem espreita pelo nevoeiro na vã esperança que o D.Sebastião volte. Sabemos que não vale a pena mas nunca desistimos , até porque se estamos nessa situação é porque não há mesmo nada mais interessante para se fazer.

Será que existe alguém no mundo que poderá gritar em plenos pulmões que adora ver televisão todos os dias e que há pelo menos 432 programas que valem bem a pena o ficar trancado em casa a olhar para aquela maldita caixa? Tem que haver. E ao fim e ao cabo, é essa besta a responsável por tudo aquilo que vemos. Não sei quem é, só sei que é designado como o tele-espectador alvo".

Esta personagem possui um conjunto de características que raramente se encontram numa só pessoa. Sempre ouvimos falar dele mas nunca ninguém o viu. Qualquer comentador televisivo diz que ele é o responsável por aquilo que vemos e que tem influência em milhões de pessoas. No entanto, nunca apareceu num talk-show nem sabemos nada da sua vida pessoal. Que eu esteja a ver a única pessoa que encaixa neste perfil é Osama Bin Laden e muito sinceramente não estou a ver um milionário saudita, que pernoita nas montanhas do Paquistão e lidera uma multinacional de sucesso do ramo do bombismo , a preocupar-se com a grelha televisiva portuguesa.

Então quem é esta alma? Não faço a mínima ideia, só sei que são 17.30 e que a Floribela está na SIC, os Morangos na TVI e eu para aqui estou também.

publicado por Velho Jarreta às 00:34

Outubro 2006
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
11
12
13
14

15
16
17
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
31


subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar neste blog
 
Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

blogs SAPO