Março de 2006 - Janeiro de 2009

28
Jun 06

Já alguém reparou que, nos últimos dois meses (pelos menos), dá um filme do Jackie Chan todos os fins-de-semana? Não compro, e muito menos colecciono, a "TV Guia" ou qualquer revista do género, mas se alguém possuir tão agradável e educativo passatempo pode confirmar aquilo que vos digo.

A primeira nota que tenho de referir é que me irrita profundamente, pois a um sábado ou domingo à tarde, enquanto vegeto pelo sofá da sala, mal dormido após uma noite que durou até às tantas na má vida, aquilo que mais desejo é que dê um filme de jeito para ao menos entreter-me durante tão penoso e desperdiçado momento. Mas não, nada disso. Enquanto anseio por uma obra cinematográfica ao nível de um Pulp Fiction ou de um Padrinho, vejo que aquilo que me espera é hora e meio de um chinês aos pulos a dar trolhadas a tudo o que mexe, ainda por cima num inglês imperceptível , muitas vezes dobrado, o que dá o triste espectáculo de ver uma originário de Xangay a falar como se tivesse sido nascido e criado em Oxford.

Mas mais do que o meu gosto pessoal aquilo que estranho é dar sempre. Antigamente fim-de-semana era sinónimo de Passeio do Alegres e aquelas secas do Luís Pereira de Sousa, agora é Jackie Chan e Jackie Chan e mais Jackie Chan . Não piorámos na qualidade televisiva, pois tal seria impossível , mas ao menos podíamos ter melhorado.

Como tal, e após ter observado tais factos, só posso concluir uma coisa. Isto não passa de uma forma de nos levar a pagar balúrdios para ter acesso aos canais da Lusomundo. Só pode! Um gajo liga a televisão ao fim-de-semana e mais valia aparecer o director da TvCabo a dizer "Ah Ah, queriam ver um filme não era? Então passem para cá o carcanhol que eu quero mudar de carro.".

E porquê escolher o Jackie Chan ? Quem é este homem? Como é que consegui fazer tantos filmes? De onde é que ele vem? Não sei, não tenho resposta para essas questões. Só sei que pode chegar o dia em que atinja a marca dos 1000 filmes que vai aparecer redundante pois são todos exactamente iguais. Provavelmente ele só tem um que é repetido vezes sem conta. Quem é que vai descobrir? É tudo a mesma merda .

Fica aqui o meu apelo, como grande admirador da sétima arte. Mudem de ciclo, porque é que em vez do Jackie Chan , não fazem o mesmo com o Al Pacino , o Brad Pitt ou o Robert de Niro ? Isso sim, numa semana tínhamos o Taxi Driver , noutro o Heat , depois levávamos com Sleepers , e para acabar o mês em beleza acabávamos com o Tudo Bons Rapazes, e aí sim, a minha estadia no sofá ao fim-de-semana teria muito mais gosto.

publicado por Velho Jarreta às 00:22

21
Jun 06

Muita gente pensa que determinadas coisas só acontecem aos outros, daí utilizar-se esta expressão nas mais variadas situações. "Usem o preservativo , a SIDA não acontece só aos outros.", "Se conduzir não beba, os acidentes não acontecem só aos outros", "Faça um seguro, imprevistos não acontecem só aos outros.", e outras tantas do mesmo género.

Sinceramente acho que isto já é mais que sabido e se as pessoas não ligam, pouco me importa. Aquilo que me tem dado que pensar é exactamente o oposto. Se a cabeça não tem juízo o corpo é que paga, tudo bem ó Variações, mas já alguém viu as coisas ao contrário? Eu explico. Imaginem antes a quantidade de situações que de certeza não nos podem acontecer. Aquelas que, aí sim, só acontecem aos outros. Ou seja as boas.

Ganhar o euromilhões. Aquilo cá para mim nunca sai. Ninguém ganha mais que uns quantos trocos, seja nisto seja em qualquer outro tipo de jogo, e se ganham perdem mais cedo ou mais tarde.

Ter um Ferrari. Não estou a falar de estacionar carros no Casino de Estoril nem à porta do Tavares , estou a falar de ser dono de um. Nós até os vemos a passar na estrada, mas de certeza que devem ser uma miragem.

Ir para a cama com a Soraia Chaves, Alexandra Lencastre ou qualquer deusa deste campeonato. Aposto que todas as mulheres com tais atributos são virgens. Só podem. Nunca tive, nem conheço alguém que alguma vez tenha tido, o prazer de desfrutar destes monstros de prazer. Não, a masturbação não conta, e aquela vez que te roças-te com a Catarina Furtado na Kapital , às 4 da manhã enquanto ias a caminho do bar, não conta como sexo.

Ser um jogador de futebol, mas dos bons, pois tá claro. Aparecem na televisão, na rádio, nos jornais, nas revistas, em outdoors e nas embalagens de batatas fritas todo o santo dia, mas não somos nós pois não? Lá está, são os outros!

Ir ao espaço. Bem acho que nem os outros, já que tão pouca gente alguma vez lá foi. Esta categoria nem é para os outros é mais para aqueles.

Ganhar uma medalha olímpica . Esta em Portugal só pode dar para rir já que o único desporto é bola e mais bola e isso já está inserido numa categoria acima referida

Ter o aspecto do Brad Pitt . Sim tá bem, és tu e eu somos os dois muita lindos. Nem com metade das plásticas da Lili Caneças um de nós lá chegava perto.

Como estes exemplos há muitos mais, mas seja lá qual for aquele que estão a pensar uma coisa vos garanto. Isso só acontece aos outros.

publicado por Velho Jarreta às 00:53

14
Jun 06

Quando queremos mencionar uma localidade que fica bem longe ou pura e simplesmente isolada, utilizamos as mais variadas expressões. Algumas são deveras curiosas, quer pela sua ausência aparente de sentido, quer pela comicidade de todo o palavreado utilizado. Ficam aqui uma serie de exemplos que eu acho deveras extraordinárias:

  • Onde Judas perdeu as botas – O que raio quer isto dizer? Que eu saiba Judas e companhia andavam era de sandálias, não me lembro de nenhuma passagem bíblica onde fosse referido o uso de botas de qualquer espécie. Em todo caso se existir alguma passagem alternativa no Evangelho segundo São Marcos, como "Jesus estava ainda a falar quando apareceu Judas, um dos doze, com umas fantásticas botas de montanha, e com ele uma grande multidão com espadas e varapaus, da parte dos príncipes dos sacerdotes, dos escribas e dos anciãos" então digam-me porque eu não possuo tal edição.
  • Atrás do sol posto – Esta entende-se bem. Quer dizer que é para lá, para a frente, quase tão longe como a fim da 2ª circular à hora de ponta, que por muito que um gajo ande parece que nunca vai lá chegar.
  • Cú de Judas – Mais uma referencia ao apostolo de Jesus Cristo e igualmente enigmática. Porquê o cu? Se fosse na barriga ou no queixo de Judas seria mais perto? É no mínimo estranho e como é que alguém tem tanta informação sobre este gajo e o associam sempre a terras distantes? Será que depois de deixar a vida de apostolo, visto que ficou desempregado por inconfidencialidade profissional, se tenha tornado funcionário da Brisa ou das Auto-estradas do Atlântico ? Não faço a mínima ideia e duvido que alguém saiba.
  • Santa Cona dos Assobios – Brilhante, como é obvio não percebo nada do seu sentido, nem tem ligação com nada, mas é uma bela expressão. É que Santa Cona já era estranho que chegue mas ainda era possível , já que há uma terras com nome tão simpáticos como Picha ou Venda da Gaita, agora os assobios…quem é que se vai lembrar dos assobios…enfim.
  • Lá para as Beiras – Qualquer região beirã adquiriu o estatuto de longe, sé é nas Beiras é longe, independentemente do sitio de onde vem a pessoa. Se fizermos 2 horas de Lisboa a uma freguesia de Castelo Branco com acesso directo à A23 , ninguém acredita, mas é possível , embora tenhamos de ouvir o comentário "Duas horas?!? Não pode! Então isso é lá para as Beiras."
  • No meio do nada – Profunda, um cromo diria logo que é impossível pois o se é nada então não pode ter meio, mas ele que se foda , ou então que vá morar para lá que ao menos aí não chateia ninguém .
  • Em Trás os Montes – Sejamos sinceros, quando é que foi a última vez que alguém que vocês conheçam lá foi? Já ninguém se lembra que aquilo existe e muito menos que fica em Portugal. Se os espanhóis invadissem aquela região ninguém dava conta, nem mesmo os espanhóis .
  • No Caralho mais Novo ou No Caralho mais Velho – Porquê mais novo ou mais velho? Será que alguém disse que ficava no caralho mais velho e outro retorqui-o com "Não, não, é no caralho mais novo"? Não bastava só No Caralho ? Ninguém faz ideia onde é de qualquer maneira.
  • Merda – Sim, merda . Não me digas que nunca vos mandaram à merda ? Alguém sabe onde fica? Nem eu.
publicado por Velho Jarreta às 00:17

07
Jun 06

Um homem está, à sua porta, a lançar mãos cheias de sal para o meio do chão. Nisto aparece uma pessoa que lhe pergunta para que está ele a fazer aquilo, ao que este responde que é para afugentar os tigres. Incrédula com a resposta, a pessoa afirma "Então mas aqui não há tigres.", ao que o homem respondeu "Está a ver como resulta".

Não inventei isto, não apareceu em nenhum episódio dos Malucos Do Riso, nem muito menos me foi contada por nenhum chico-esperto . Este pequeno conto foi retirado do conceituado O Livro Tibetano Da Vida E Da Morte, de Sogyal Rinpoche . Já li esta obra à muito, mas nunca me esqueci deste excerto e sabem que mais… não tem interesse nenhum. Nenhum mesmo. Não passa de uma estupidez que me ficou guardada na mente, como tantas outras que não sabemos porquê.

O mais triste no meio de tudo isto é que passado tantos anos após ter lido este livro, que tem uma tão forte mensagem e uma imensa profundidade, a única coisa que me ficou retido foi um gajo, completamente parvo, que manda sal para o chão para evitar algo que nunca viu.

E desenganem-se se pensam que me lembro disto por se relacionar com algo da minha vida. Não. Por me identificar com algum dos intervenientes. Não. Por ter medo de tigres. Não, como é que eu posso ter medo de tigres? Nem percebo nada de tigres. A coisa mais próxima que eu conheço do mundo dos felinos é o meu gato, e garanto-vos que comparar o meu gato com um tigre é bem mais estúpido que mandar sal para o chão, seja lá para aquilo que for.

Enfim, lembro-me, mas não me lembro do moral da história , que aposto que tem algum, pois qualquer treta tem o seu, nem que seja tão interessante e enigmático como aquilo que vos acabo de contar.

publicado por Velho Jarreta às 02:54

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