Um homem está, à sua porta, a lançar mãos cheias de sal para o meio do chão. Nisto aparece uma pessoa que lhe pergunta para que está ele a fazer aquilo, ao que este responde que é para afugentar os tigres. Incrédula com a resposta, a pessoa afirma "Então mas aqui não há tigres.", ao que o homem respondeu "Está a ver como resulta".
Não inventei isto, não apareceu em nenhum episódio dos Malucos Do Riso, nem muito menos me foi contada por nenhum chico-esperto . Este pequeno conto foi retirado do conceituado O Livro Tibetano Da Vida E Da Morte, de Sogyal Rinpoche . Já li esta obra à muito, mas nunca me esqueci deste excerto e sabem que mais… não tem interesse nenhum. Nenhum mesmo. Não passa de uma estupidez que me ficou guardada na mente, como tantas outras que não sabemos porquê.
O mais triste no meio de tudo isto é que passado tantos anos após ter lido este livro, que tem uma tão forte mensagem e uma imensa profundidade, a única coisa que me ficou retido foi um gajo, completamente parvo, que manda sal para o chão para evitar algo que nunca viu.
E desenganem-se se pensam que me lembro disto por se relacionar com algo da minha vida. Não. Por me identificar com algum dos intervenientes. Não. Por ter medo de tigres. Não, como é que eu posso ter medo de tigres? Nem percebo nada de tigres. A coisa mais próxima que eu conheço do mundo dos felinos é o meu gato, e garanto-vos que comparar o meu gato com um tigre é bem mais estúpido que mandar sal para o chão, seja lá para aquilo que for.
Enfim, lembro-me, mas não me lembro do moral da história , que aposto que tem algum, pois qualquer treta tem o seu, nem que seja tão interessante e enigmático como aquilo que vos acabo de contar.